A inclusão e a acessibilidade são pautas que, faz alguns anos, deixaram de ser apenas uma ideia utópica (infelizmente como foi por tanto tempo) para se tornar realidade dentro da nossa sociedade atual. E, como não poderia deixar de ser, dentro do universo corporativo, essa lógica também se materializou.
Hoje em dia, as empresas estão muito mais atentas ao tema, é verdade. E esse processo, mais do que um mero discurso para agradar uma plateia específica, tem ganhado corpo dentro das organizações e se concretizado, mesmo que ainda em doses homeopáticas.
Afinal de contas, acolher a inclusão e a acessibilidade é um indicativo positivo para o mercado dos valores praticados dentro da empresa, e esse aspecto de imagem também não pode ser simplesmente ignorado.
Porém, em todo caso, não é demais lembrar, que em janeiro de 2016, entrou em vigor a LBI, a Lei Brasileira de Inclusão, que tem tudo a ver com o tema. Porque essa lei diz, por exemplo, que os eventos devem ser acessíveis para pessoas com deficiência.
O conceito de inclusão e acessibilidade
Antes de seguir, vale a pena falar ainda que de forma breve das ideias centrais de inclusão e acessibilidade. Começando por esta última, podemos dizer que acessibilidade é a condição oferecida a todas as pessoas de se locomover e se ambientar a espaços diversos, sem empecilhos, sobretudo com quem apresenta alguma deficiência ou mobilidade reduzida, casos de idosos, gestantes, pessoas com obesidade e famílias com crianças pequenas ou de colo.
Já a inclusão, sob a ótica social, pode ser entendida como uma atitude de busca pela igualdade, isto é, uma forma de garantir que todas as pessoas, sem distinção, que fazem parte de uma sociedade, estejam integradas e possam participar de situações ou eventos que acontecem no mesmo ambiente, mas sem qualquer possibilidade de discriminação. Interessante que a inclusão está presente tanto na Declaração Universal de Direitos Humanos quanto na Constituição Federal de 1988.
Pensando nisso, separamos três passos para trabalhar a inclusão dentro de eventos corporativos. Confira!
1. Planejar de forma antecipada
O planejamento é sempre um caminho saudável para realizar algo importante. No caso da inclusão de pessoas em eventos corporativos, é interessante considerar esse aspecto ainda na fase de elaboração do evento, ou seja, não de última hora, como um extra. Isso significa, inclusive, considerar dentro do planejamento inicial os investimentos essenciais para os trabalhos que envolvem a inclusão nos eventos. Essa abordagem deixa claro a importância dos organizadores com todos os públicos, sem distinções.
Ademais, com o planejamento, é possível começar a inclusão antes mesmo do evento, por exemplo, com convites apropriados, conteúdo dentro de sites, entre outros materiais que se encaixem às necessidades das pessoas com deficiência.
2. Contratar intérpretes de línguas de sinais
Sem dúvida, uma forma de proporcionar inclusão e acessibilidade em eventos corporativos é contar com intérpretes profissionais de LIBRAS, a língua brasileira de sinais, para atender pessoas surdas ou com deficiência auditiva. É bom reforçar: a LIBRAS é reconhecida como meio legal de comunicação no Brasil, e conta com alfabeto, gramática e uma estrutura linguística própria.
De maneira geral, esses profissionais estão prontos para fazer a tradução da língua falada no evento – português, inglês, espanhol, entre outras – para LIBRAS, a fim de que os surdos participantes possam compreender plenamente o que está sendo dito, sem qualquer tipo de dificuldade.
Em tempo, não existe uma língua universal. A LIBRAS é exclusiva do Brasil, e ainda há regionalismos, como ocorre com o português. Cada país tem sua própria língua, como, por exemplo, ASL (American Sign Language [ou língua de sinais americana]), LSA (Língua de Sinais Argentina) e assim por diante.
3. Incluir legendas em vídeos e apresentações do evento
Outro ponto interessante no contexto da inclusão em eventos corporativos é a adoção de legendas em vídeos e apresentações. É algo simples, convenhamos, mas altamente eficaz para que as pessoas surdas possam acompanhar o conteúdo da apresentação e, claro, se sintam acolhidas e incluídas no evento.
Ao adicionar as legendas nos materiais, além do aspecto inclusivo, vale salientar o benefício gerado também para mais pessoas, já que as legendas podem ser bastante úteis para pessoas que não dominam o idioma originalmente falado no evento. Mais: pode facilitar a entrega do conteúdo em ambientes eventualmente mais agitados e com ruídos.
Vale mencionar que aqui estamos falando sobre LIBRAS que atende à comunidade surda. Porém, existem outros públicos que não podem ser esquecidos e também podem ser atendidos, casos da comunidade cega ou com baixa visão. Para eles, estão disponíveis ações específicas como, por exemplo, a contratação de profissionais de audiodescrição, que transforma o visual em verbal, por meio de informação sonora.
Por que um evento deve contar com profissionais de LIBRAS?
“Podemos começar pela Constituição Brasileira, que afirma que todos são iguais perante a lei. Então quando falamos em acessibilizar um evento, de respeitar o direito linguístico da comunidade surda, estamos falando de respeitar a todos, de dar acesso a determinada informação. Estamos falando de justiça linguística, direito linguístico. Por que será que a comunidade surda não frequenta o seu evento? O fato de não frequentar justifica não ter o intérprete de LIBRAS?”, diz Regiane Pereira, tradutora e intérprete de LIBRAS-português.
Regiane também destaca a importância de um profissional de LIBRAS estar presente no projeto desde o início.
“Quando a gente pensa em um projeto de divulgação de um evento, podemos pensar no início desse projeto com a equipe de marketing, como será realizada a divulgação, como vai chegar para a comunidade surda? Então precisamos ter um intérprete de LIBRAS já no início do projeto, na divulgação do projeto, falando para a comunidade em sua própria língua”, acrescenta Regiane.
De acordo com ela, incluir LIBRAS em um evento não é apenas contratar um profissional de LIBRAS, vai muito além disso. “Vai desde separar um orçamento para contratar um bom profissional, e também ter um surdo no evento, pois estamos falando em quebra de barreiras, entender que a pessoa surda não necessariamente precisa estar sentada na plateia. Ela pode ser um palestrante, um mediador desse evento”, sugere.
Alguns dos eventos que contaram com os serviços de interpretação em LIBRAS da Gama:
– Apresentação do São João do Maranhão 2023 pelo Governo do Maranhão, por meio da Secretaria de Estado do Turismo (Setur) e pelas secretarias de Comunicação (Secom) e de Cultura (Secma), em evento para operadores e agentes de viagem de São Paulo (SP).
– Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura – Maior evento da avicultura e da suinocultura do Brasil, realizado pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que contou com +80 palestrantes, +2,3 mil congressistas e interpretação simultânea da Gama! no Congresso para português, inglês, espanhol e LIBRAS.
– Encontro de RI, realizado pela ABRASCA (Associação Brasileira das Companhias Abertas)
– 3º Prêmio Não Aceito Corrupção – 3º PNAC (INAC – Instituto Não Aceito Corrupção)
– Encontro Abrasca de Contabilidade e Auditoria