São Paulo é o segundo principal destino de refugiados que chegam ao Brasil. E para aproximar a população dos refugiados que vivem na capital paulista e desenvolvem projetos de economia criativa, o projeto Deslocamento Criativo acaba de lançar uma plataforma que reúne diversas atividades. A ideia é ser uma referência para quem deseja conhecer e contratar trabalhos feitos por pessoas em situação de refúgio nas áreas de gastronomia, moda, música, arte e artesanato.
Em princípio, o projeto trabalha com pessoas oriundas de países do Oriente Médio e África, de países como Síria, Palestina, República Democrática do Congo, Angola e Senegal. Especialmente dentro da área de idiomas, a plataforma conta com pessoas que ministram aulas de línguas como inglês, francês, espanhol e árabe.
“Tem muito uma coisa de caridade, doação de coisas que não é exatamente o que eles querem. Eles querem ser vistos positivamente. Eles impactam a cidade, consomem, trabalham. Então, eu quis mostrar de uma forma positiva”, explica Maria Nilda Santos, a idealizadora do projeto, que desenvolveu o projeto depois de vivenciar quase 14 anos em ONG’s ligadas ao assunto.
Dificuldades com a língua
De acordo com Nilda, trabalhar na área cultural nem sempre é a primeira opção dos estrangeiros que chegam ao país para se distanciar de perseguições e conflitos nos seus países de origem. Com dificuldades com a língua e de regularizar os documentos para as profissões que exerciam, muitos passam a se dedicar a atividades que antes eram apenas hobbies ou mesmo realizadas dentro da família. “Nem todo mundo vem preparado para essas áreas e acaba descobrindo aqui”, ressalta.
Para sair do papel o Deslocamento Criativo contou com recursos do Programa de Ação Cultural, captados via edital. O passo seguinte, segundo Nilda, é trabalhar para trazer cada vez mais estrangeiros a fim de que eles usem o sistema. E esse trabalho leva tempo. “Alguns eu já conhecia, mas muitos têm que ir no corpo a corpo, nos eventos, nos restaurantes. É muito presencial. A informação demora a chegar ou às vezes chega e não conseguem responder. Demoram a responder, hora porque não tem sinal de internet, hora porque estão com a cabeça quente tentando sobreviver”, acrescenta.
Para saber mais sobre o Deslocamento Criativo, basta acessar o site www.deslocamentocriativo.com.br. No endereço, há uma interessante pesquisa cujo objetivo é conhecer melhor o perfil do refugiado que atua com economia criativa. Além disso, há também um mapa de negócios dos refugiados com nomes, endereços e telefones. Vale a visita!