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O Brasil é formado por 8,5 milhões de km² de extensão territorial, divididos em cinco regiões, 27 Unidades Federativas, incluindo o Distrito Federal, onde se situa a capital, Brasília. São mais de 200 milhões de habitantes e apenas um idioma oficial: a língua portuguesa.

Há quem diga, porém, que não se trata de uma língua isolada, mas de variações constantes a partir de uma mesma raiz. Os sotaques, junto das expressões regionais, fenômeno tão característicos aqui no Brasil, são prova viva dessa flexibilidade da língua portuguesa.

Sotaque: resultado da influência histórica

Para entender a origem dos sotaques, deve-se olhar para a história. O território brasileiro sofreu influência direta de diferentes povos em momentos distintos, e isso impactou diretamente na forma de se expressar, trazendo sonoridades peculiares a determinadas regiões. Vejamos alguns exemplos.

Na região Sul, gaúchos e catarinenses foram fortemente influenciados por europeus, principalmente alemães e espanhóis. Aquele “r” acentuado, típico nas falas, é um bom exemplo. Já na região Sudeste, vale citar o jeito caipira na fala do interior de São Paulo, resultado das influências portuguesas dos séculos 16 e 17. E os paulistanos acabaram incorporando um pouco do estilo italiano.

Em Minas Gerais, a fala carrega um pouco do caipira, utilizando também palavras no diminutivo, somado ao falar baixo e rápido, pegando um pouco do estilo dos revolucionários da Inconfidência Mineira. Ainda no sudeste, o Rio de Janeiro acabou se apropriando do português de Portugal. O “s” com som de “x”, bastante evidente na antiga capital federal, é o maior exemplo.

Na região Nordeste, destaque para a influência holandesa em Pernambuco, sobretudo no século 17, com Maurício de Nassau. E a região Norte acabou menos exposta à influência europeia, assim, o sotaque está mais atrelado às línguas indígenas, povos que sempre habitaram o país.

Nunca é demais lembrar que não existe sotaque certo ou errado, melhor ou pior. Fazer esse tipo de juízo de valor aponta mais na direção do preconceito. Trata-se, na realidade, de um patrimônio cultural da nossa língua, marcada pela diversidade. E assim deve ser tratado.

As expressões regionais

Mais do que os sotaques, a língua portuguesa falada tem um estilo próprio e diferente de acordo com a região do país. São palavras diferentes, gírias e expressões regionais que, mais uma vez, enriquecem a pluralidade cultural brasileira. Confira algumas palavras e seus “significados” em diversas localidades do país.

Centro-Oeste

Arruinou – piorou de saúde

Carreta – carro

Dormir no macio – viver folgado

Empatar – atrapalhar

Madurar – amadurecer

Para de mula – perturbar

Tá chovendo duro – chover torrencialmente

Norte

Brocado – estar com fome

Capar o gato – ir embora

Égua de largura – muita sorte

Levou o farelo – morreu

Miudinho – pequeno

Teú – lagarto

Vigia bem – presta muita atenção

Nordeste

Aperrear – encher o saco

Buchuda – gestante

Cafuringa – coisa muito pequena

Desmantelar – arruinar

Estrambólico – esquisito, extravagante

Fuzuê – barulho, confusão

Macambúzio – tristonho, pensativo

Sul

Alçar a perna – montar a cavalo

Cacetinho – pão francês

Desabotinado – adoidado, estourado

Embretar-se – meter-se em apuros

Guri – menino

Lindeiro – vizinho

Solito – sozinho, isolado

Sudeste

Bolado – preocupado

Da hora – legal

É fria – é perigoso

Jacú – bobo, ignorante

Larica – fome

Quebrado – sem dinheiro

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