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Um está no ocidente, tem dimensões continentais, é a oitava economia do mundo, tem mais de 200 milhões de habitantes e a língua oficial é o português. O outro está no oriente, tem área territorial bem mais modesta, é a terceira economia do planeta, tem pouco mais de 120 milhões de habitantes e o japonês como idioma principal. O que une Brasil e Japão, que têm relações diplomáticas há 123 anos? As pessoas.

A maior comunidade nipônica fora do Japão está no Brasil, resultado da Imigração Japonesa, que teve início em 1908 com a chegada em Santos do navio Kasato Maru. Segundo informações do governo brasileiro, são cerca de 1,6 milhão de pessoas no Brasil. Os bairros da Liberdade e Jabaquara, na capital paulista, por exemplo, tradicionalmente concentram um grande número de japoneses.

Enquanto isso, a terceira maior comunidade brasileira no mundo está no Japão, atrás de Estados Unidos e Paraguai. Na década de 1990, houve um boom de brasileiros que partiram rumo ao Japão, muitos, inclusive, filhos, netos e bisnetos de japoneses que se instalaram aqui. Em 2007, eram quase 300 mil brasileiros por lá. Hoje, estima-se cerca de 180 mil brasileiros na terra do sol nascente.

Intercâmbio cultural forte a partir das pessoas

A presença dos japoneses no país vai muito além de carros e motos de alta qualidade, deliciosos temakis, sushis e sashimis nos restaurantes e as massagens e terapias alternativas como reiki. Há diversos outros elementos japoneses (muitos curiosos) que integram a nossa cultura por iniciativa dos orientais.

Sabe aquele amendoim japonês? Pois bem, foi desenvolvido aqui mesmo pelos chamados nikkeis. E o budismo, sabia que foi introduzido no país pelos japoneses? Você sabia que o município paranaense Assai (que significa sol nascente) foi criado por imigrantes de origem japonesa? E que o beisebol foi difundido no Brasil por conta da influência dos praticantes japoneses? E que a cidade de Bastos se tornou uma das maiores produtoras de ovos do país a partir de um japonês que iniciou as atividades com 30 galinhas?

O processo inverso também acontece, é verdade. Você sabia que os brasileiros foram fundamentais no processo de profissionalização do futebol japonês? Na década de 1990, muitos jogadores experientes, alguns já em fim de carreira, foram trabalhar por lá, levando informações valiosas aos japoneses – assim como acontece com a China ultimamente.

O craque Zico, por exemplo, passou algum tempo por lá, e se tornou um ídolo também dos japoneses. Por falar em ídolo, o ex-piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, uma das maiores lendas do automobilismo mundial, até hoje é reverenciado pelos fãs japoneses. Depois do Brasil, é o país onde é mais lembrado e admirado.

Turma da Mônica ao estilo japonês

Recentemente, Maurício de Souza, criador da Turma da Mônica, anunciou a abertura de um escritório em Tóquio, no Japão, terra dos famosos mangás, bastante populares em bancas de jornais e livrarias brasileiras. Em princípio, distribuiu uma edição comemorativa do gibi em português, chamada “Turma da Mônica – Brasil e Japão: 110 anos de amizade”.

Além disso, ofereceu de forma gratuita a edição “Turma da Mônica e a escola no Japão”, destinada a estudantes brasileiros, uma vez que a barreira do idioma e a cultura são entraves para a adaptação dos pequenos brasileiros no país oriental. A integração acaba sendo dificultada pela língua muito diferente.

“Entrar no Japão tem duas razões. Tem o lado empresarial, mas também tem o lado humano”, conta Maurício de Souza.

Como seria o Brasil sem os japoneses? Como seria o Japão sem os brasileiros? É difícil imaginar.

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