A preservação da cultura e tradições dos povos originários é um compromisso de todos nós, a todo momento. E, nesse contexto, quando olhamos para a revolução digital que vivemos hoje, de um lado, temos naturalmente uma maior aproximação das pessoas com os povos indígenas por conta da comunicação mais fluida e ágil.
Só que por outro lado, se não houver um compromisso com a integração de mecanismos que verdadeiramente facilitem essas trocas, pode haver o efeito contrário, ou seja, o da limitação da comunicação.
Leia também:
Em quais situações devo contratar serviços de tradução profissional?
Sânscrito pode ser usado para programas de inteligência artificial
Veja dicas valiosas para contratar um tradutor qualificado
É aqui que entra, por exemplo, o padrão no sistema de escrita dos teclados digitais dos smartphones, item essencial para os dias atuais. Sem essa conexão das línguas dos povos originários com a tecnologia, pode ocorrer uma aceleração do processo de extinção das línguas indígenas.
Linklado para preservar a cultura indígena
Com o intuito de criar meios para preservar a língua e a cultura indígena, jovens pesquisadores brasileiros desenvolveram um teclado digital com caracteres que formam o vocabulário de mais de 40 línguas indígenas da região da Amazônia. O teclado inovador recebeu o nome de Linklado.
De acordo com o estudante Juliano Portela, um dos idealizadores do projeto, o funcionamento do teclado é igual ao encontrado hoje em dia nos smartphones.
“Por exemplo nos celulares, ele funciona exatamente igual o teclado comum do seu dispositivo, a diferença é que ele tem um layout diferente e que tem os caracteres especiais, tem os acentos especiais, acento grave, agudo, acento circunflexo, que eles podem ser combinados em cima das letras para que eles formem umas combinações de caracteres diferentes que só tem nessas línguas indígenas”, explica o jovem de apenas 18 anos.
Portela diz ainda que o teclado virtual atende mais de 40 línguas, e cerca de 200 mil pessoas podem se beneficiar com esse projeto.
Um facilitador para os povos originários
Josmar Pinheiro Lima, de 35 anos, que pertence à tribo indígena Tuyuka, é um dos falantes de línguas indígenas da Amazônia que serão positivamente afetados pelo projeto. Ele, inclusive, participou do desenvolvimento do Linklado e acredita que o teclado digital colabora na cultura dos povos originários.
“Tínhamos dificuldade em alguns caracteres, que geralmente a língua portuguesa não utiliza nos teclados convencionais. Então pra gente é um facilitador, é bem importante”, comenta.
O Linklado pode ser baixado gratuitamente em celulares Android.