Tudo o que você precisa saber sobre a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

Libras, a Língua Brasileira de Sinais, é uma conquista da sociedade e, cada vez mais, está ganhando espaço. Hoje, a inclusão social é um tema latente, por isso, toda forma de acolhimento a qualquer público outrora excluído, como é o caso das comunidades surdas, ganha força no mundo, incluindo o Brasil.

A Língua Brasileira de Sinais não é considerada uma língua oficial do Brasil – a única, neste caso, é mesmo o Português. Porém, em 2002, por meio da Lei nº 10.436, Libras foi reconhecida como meio legal de comunicação e expressão, oriunda das comunidades de pessoas surdas no Brasil. Sem dúvida, um grande avanço.

Portanto, LIBRAS pode ser vista, apesar de não oficial, como uma língua independente, o que tem se mostrado, no cotidiano, uma ferramenta essencial de inclusão e comunicação, seja entre surdos apenas, mas também na interação entre surdo-ouvinte. Atualmente, segundo o IBGE, são cerca de 10 milhões de brasileiros com deficiência auditiva.

A história da LIBRAS

Para entender o surgimento da LIBRAS, é preciso voltar no tempo e conhecer um pouco do início do desenvolvimento da comunidade surda lá na França. Afinal, a Língua Brasileira de Sinais está, de certa forma, intimamente ligada à história do desenvolvimento da língua francesa.

Tudo começou com o professor francês Ernest Huet, surdo desde criança, que tinha o respeito e o reconhecimento pelo trabalho realizado na educação de surdos na França, nos anos 1800. Huet esteve no Brasil, precisamente no ano de 1855, falou sobre todo o trabalho realizado no país europeu a ninguém menos que o Imperador Dom Pedro II. 

Huet também trouxe um relatório junto a uma proposta no mínimo inusitada: criar um instituto aqui no Brasil para atuar na educação dos surdos. Conta-se que Dom Pedro II gostou do que viu e ouviu e quis colocar em prática a sugestão do francês.

O acolhimento do Imperador culminou, dois anos depois, na fundação do Imperial Instituto de Surdos-mudos, em setembro de 1857. Tal instituto tornou-se o que é hoje o Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Foi assim que LIBRAS começou a ganhar vida, pelas mãos e experiência de Ernest Huet, e utilizando os fundamentos Língua de Sinais Francesa, que já existia.

Portanto, foi assim que nasceu a LIBRAS, a partir da influência do francês, da língua portuguesa e, ainda, da linguagem feita com gestos, até então utilizada informalmente pelos surdos da época no país.

LIBRAS: saiba quais são suas principais características

Diferente da língua portuguesa, que tem a voz como principal canal de comunicação, LIBRAS está amparada no gestual-visual, e tem como característica os movimentos e as expressões faciais, que facilitam seu entendimento.

Por exemplo, o movimento da cabeça deixa evidente que a afirmação é negativa, e a expressão facial vai transmitir a mensagem de que se trata de uma pergunta. Trata-se de um complemento daquilo que é transmitido nas frases.

Interessante que LIBRAS conta com uma estrutura gramatical única, diferente da língua portuguesa. As frases inclinam para objetividade e flexibilidade, embora exista a premissa de sujeito, verbo e objeto. Além disso, vale destacar que cada palavra tem um sinal próprio. No caso de se deparar com alguma palavra que ainda não conte com um sinal, usa-se o recurso de transmitir letra por letra ao interlocutor.

Aqui, é bom frisar que não existe uma língua universal para os surdos. LIBRAS é a língua do Brasil. Cada nação mundo afora tem sua própria forma de comunicação, como, por exemplo, ASL (American Sign Language [ou língua de sinais americana]), LSA (Língua de Sinais Argentina).

Língua Brasileira de Sinais como meio de inclusão social

É sempre bom ter em mente que LIBRAS é o canal de comunicação da comunidade surda, tanto entres surdos quanto na relação deles com os ouvintes. Portanto, estamos falando de uma língua que está diretamente ligada à inclusão, e essa entrega de acolhimento é dever de todos na sociedade. 

É por esse motivo que a extensão de LIBRAS segue em movimento. Inclusive a LBI, a Lei Brasileira de Inclusão, que entrou em vigor em janeiro de 2016, foi mais um passo importante nessa pavimentação diária.

Por fim, comemora-se o Dia Nacional da Libras em 24 de abril. Essa data traz à tona a luta da comunidade surda na construção de uma sociedade brasileira mais inclusiva e humana.

Tempos atrás, falamos sobre a importância da inclusão de LIBRAS em eventos, tratando do tema e trazendo três dicas importantes para incluir a Língua Brasileira de Sinais em encontros corporativos. Leia aqui o texto. 

Quais são os principais desafios do intérprete de LIBRAS?

Do ponto de vista do intérprete, inicialmente, há o desafio da preparação, o pré-evento. “Receber o material às vezes é difícil, porque pode ser sigiloso, é bem trabalhoso ter acesso a todo o conteúdo prévio. Mas, é muito positivo para o profissional de LIBRAS ter acesso a esse conteúdo porque pode estudar o material e se preparar melhor para o evento”, diz Regiane Pereira, tradutora e intérprete de LIBRAS-português.

Também podemos destacar os desafios linguísticos, em que o intérprete vai trabalhar com estratégias e escolhas tradutórias para levar a mensagem com maior clareza para o público. Lembrando que existem diversas áreas, e cada uma delas tem as suas especificidades, como área educacional, saúde, jurídica, arte, audiovisual, entre outras. Essas particularidades reforçam a importância do conhecimento prévio do intérprete em relação ao conteúdo trabalhado. 

Outro ponto que vale ressaltar, de acordo com Regiane, são os desafios no entorno, os sociais, assim como as barreiras atitudinais. 

“Às vezes, o local apropriado para o intérprete se mostra um desafio. Antes da pandemia, normalmente o profissional ficava no palco. Hoje, existe essa opção ou também estar em um local específico e aparecer em um telão e canais midiáticos do evento. É preciso uma estrutura para a sua atuação. Por exemplo, boa ventilação, luz, câmera, tablado, retorno, são alguns pontos importantes, além do cumprimento do cronograma inicial.”

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