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O cérebro é como uma máquina que funciona muito perto da perfeição. Sua boa operação, no entanto, está ligada ao seu uso, e aqui vale recorrer à ideia clássica de expansão. A lógica é bastante simples: quanto mais usamos essa nossa ferramenta extraordinária que administra os pensamentos, a consciência, a memória e a emoção, mais podemos ir além na nossa vida. Sem falar no fato de que a nossa inteligência adquirida passa necessariamente por essa ativação constante do cérebro.
Lidar com idiomas é um dos recursos mais práticos para exercitar a mente e mantê-la sempre saudável. E, por consequência, expandir a nossa capacidade de ler o mundo que nos cerca com mais clareza. Mas, o que será que ocorre com nosso cérebro quando aprendemos ou falamos uma língua diferente da nossa língua nativa?
Áreas diferentes do cérebro
Uma pesquisa recente, feita pelo cientista cubano Alejandro Pérez, do Departamento de Psicologia da Universidade de Toronto, no Canadá, e publicada na revista médica “Cortex”, revelou que as ondas cerebrais se sincronizam de maneira diferente quando as pessoas conversam na língua nativa e em uma língua estrangeira.
Pérez conseguiu comprovar que as áreas do cérebro que são ativadas quando se fala em um idioma estrangeiro é diferente das estimuladas quando o diálogo ocorre na língua considerada nativa. A conclusão veio após registro da atividade cerebral de 60 pessoas que conversavam ligadas a aparelhos que monitoram a movimentação elétrica do cérebro.
Metade das conversas se deu em espanhol e a outra metade foi realizada em inglês. Segundo o pesquisador cubano, nos dois casos as ondas cerebrais dos participantes do estudo se sincronizaram, mas quando os indivíduos dialogavam em inglês, as ativações aconteciam em áreas diferentes do espanhol.
Ainda não se sabe os reais motivos dessas diferenças, porém Pérez entende que uma das causas pode estar atrelada à exigência do cérebro em buscar novas partes ao falar um idioma estrangeiro. Isso porque a capacidade mental para representar as palavras fica mais complexa.
Inúmeros benefícios
Envolver-se com outra língua, seja nos estudos ou no trabalho, pode trazer uma série de benefícios para a vida, que às vezes nem nos damos conta. Tudo vem a partir dos estímulos aplicados à mente. Veja alguns exemplos:
Auxílio na memória – Ao entrar em contato com um novo vocabulário, a memória acaba sendo potencializada, e isso se reflete de forma positiva no cérebro como um todo, que fica mais pronto para absorver outros tipos de informações.
Melhora no gerenciamento de atividades – Quando pensamos em mais de uma língua, o cérebro passa a trabalhar em uma nova frente de forma concomitante. Essa habilidade adquirida contribui para lidar com diferentes demandas ao mesmo tempo numa nova perspectiva, mais eficiente na comparação com uma pessoa que só fala um idioma.
Evolução no próprio idioma – Um bilíngue tem a tendência natural de falar e escrever melhor na própria língua, uma vez que a exigência constante do aprendizado de um novo idioma requer um comprometimento de estudo maior da língua materna.
Mente saudável – Com a mente trabalhando num outro ritmo, aqueles que falam mais de um idioma tendem a apresentar doenças relacionadas ao cérebro mais tarde. Isso, claro, se surgirem quaisquer doenças.