Reflexões a partir do filme O tradutor

O tradutor, estrelado pelo ator brasileiro Rodrigo Santoro, é daqueles filmes que marcam pela beleza artística, profundidade, sensibilidade e convite à reflexão. Não apenas por Santoro, que tem uma atuação brilhante, mesmo falando em espanhol e russo com uma desenvoltura impressionante, mas pelo conjunto todo da obra.

O filme, baseado em uma história real, se passa em Havana, capital de Cuba, no fim da década de 1980, liderada à época por Fidel Castro, que mantinha relações estreitas com a antiga União Soviética. O personagem principal, Malin, é um professor universitário de literatura russa, que acaba designado pelo governo cubano a fazer o papel de tradutor.

Sua atuação profissional muda de forma repentina. Malin deixa a sala de aula, onde ensinava jovens durante o dia, para trabalhar durante a madrugada na ala infantil de um hospital. Sua missão passa a ser promover a comunicação entre os médicos cubanos e os pais de crianças russas vítimas do acidente nuclear de Chernobil. Ou seja, ser um tradutor.

Malin entra em crise ao mergulhar naquela realidade tão difícil, potencializada pelo fato de ser pai de um garoto e sua mulher estar grávida. Mas, ao mesmo tempo, procura exercer seu papel de tradutor com excelência. E, mais do que passar informações do espanhol para o russo e do russo para o espanhol, o personagem resolve ir além.

Começa a contar histórias para as crianças, e utiliza os recursos dos desenhos para entrar no imaginário dos pequenos e aliviar a dor e o sofrimento. Não demora para ganhar a confiança dos que o cercam, tanto a enfermeira que o acompanha de perto dos trabalhos, quanto dos pais e das próprias crianças. Um momento marcante é quando, sem papel disponível para as crianças desenharem, Malin pega as folhas de sua tese de doutorado para servir de material lúdico.

Lições deixadas pelo filme O tradutor

1. Faça o melhor que puder com o que puder

O personagem não era um tradutor nato, mas diante da nova tarefa que lhe foi transmitida, fez o melhor que conseguiu. E, no fim das contas, fez um trabalho magistral ao unir povos e culturas a partir de línguas tão diferentes, aliando razão à emoção.

2. Sempre é possível ir além das possibilidades

Malin poderia ter cumprido sua missão de traduzir de um idioma para o outro – o que fez muito bem. Mas, ao colocar sua alma no trabalho, acabou não só traduzindo, mas criou uma forte conexão com as pessoas a partir da unificação das línguas.

3.  Os sentimentos, as palavras e os símbolos

Entrar no universo das crianças russas a partir do domínio da língua foi importantíssimo para o personagem cumprir sua tarefa. Porém, ao pedir para as crianças desenharem, contarem o dia em que nasceram, a comunicação também foi bastante eficiente. Evidenciou sentimentos e emoções, que transcenderam as palavras.

4. O papel crucial da comunicação

Não fosse a presença dos tradutores, a comunicação entre os médicos, enfermeiros e pacientes seria sofrível, bastante complicada em razão da grande diferença entre o espanhol e o russo. Com a tradução, Malin abriu um diálogo fundamental com as crianças doentes e, também, com os pais. Conversas boas e outras nem tanto, é verdade, mas a comunicação entre as partes nunca foi negligenciada.

5. A importância da empatia

Sofrer a dor do próximo, ou ser compassivo, pode fazer a diferença na vida das pessoas que nos cercam. Levar sorriso onde há choro, esperança onde há dor são atitudes sempre bem-vindas, não importa a cultura, a nacionalidade ou a língua.

Veja abaixo o trailer do filme:

Leave a comment