A tão badalada festa do Oscar, a maior premiação do cinema mundial, teve um protagonista diferente neste ano de 2020. O filme sul-coreano Parasita foi a grande estrela no glamoroso evento, que tradicionalmente eleva as produções de Hollywood, ou seja, produzidas em inglês, o idioma considerado universal.
Pela primeira vez na história um filme falado em outra língua que não o inglês foi o vencedor na categoria Melhor Filme, talvez a estatueta mais desejada do Oscar. Vale lembrar que a premiação tem 92 anos. E, pela primeira vez desde a década de 1950, um mesmo longa metragem não saía vencedor no Oscar e na Palma de Ouro de Cannes.
Além disso, Parasita venceu com louvor em outras três categorias do Oscar: diretor, roteiro original e melhor filme estrangeiro. A obra só não recebeu o troféu nas categorias melhor edição e melhor design de produção, nas quais também concorria. Produzido a partir de um orçamento de US$ 11 milhões, Parasita já havia arrecadado antes da premiação mais de US$ 139 milhões nas bilheterias de todo o mundo.
O coreano no centro das atenções
Parasita acabou por coroar o diretor Bong Joon-ho, que tem 20 anos de carreira cinematográfica, e dirigiu filmes como O Hospedeiro (2016) e O Expresso do Amanhã (2013). Em 2017, o cineasta gerou certo burburinho quando seu longa Okja estreou na Netflix, abrindo um interessante debate sobre a indústria alimentícia.
“Escrever um roteiro é sempre um processo solitário, e você nunca pensa que vai representar seu país. Mas esse é o primeiro Oscar da Coreia do Sul, obrigado!”, falou o diretor quando recebeu a estatueta de melhor roteiro, a primeira da noite.
Não por acaso, Bong Joon-ho foi recebido sob aplausos por coreanos no aeroporto internacional de Incheon, na Coreia do Sul, e por cerca de 300 jornalistas que o esperavam por lá aguardando uma declaração do aclamado diretor.
Sobre o filme Parasita
O filme, que mistura drama e comédia, trata de interações sociais, entre pessoas muito ricas e outras pobres, um assunto de abrangência mundial. A seguir, a sinopse do filme.
“Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo em um porão sujo e apertado, mas uma obra do acaso faz com que ele comece a dar aulas de inglês a uma garota de família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe e filhos bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custam caro a todos”.
“Com frequência, as pessoas me dizem que a história é muito estranha no melhor sentido possível. Acho que as pessoas gostaram do quão absurda é a história, dizem que é muito difícil de prever”, falou o diretor Bong Joon-ho durante uma exibição da obra em Hollywood.
O português presente na premiação
A obra nacional Democracia em Vertigem, dirigida por Petra Costa e lançada em junho de 2019 pela plataforma Netflix, era um dos concorrentes ao prêmio na categoria Documentário. O filme conta a história do impeachment da presidente Dilma Rousseff e a crise política instalada no Brasil até a ascensão da extrema direita ao poder, em 2018.
Antes da premiação, a equipe do documentário presente na festa do Oscar protestou com cartazes criticando a invasão de terras indígenas e lembrando o assassinato de Marielle Franco, ainda sem solução pelo poder público.
O vencedor do prêmio na categoria documentário foi a obra Indústria Americana.