Línguas indígenas kaingang e nheengatú estão disponíveis em smartphones

Quando a tecnologia se une à tradição, o resultado sempre aparece. E o melhor: todos os envolvidos saem ganhando. Neste caso, os maiores beneficiados são os povos indígenas, falantes de kaingang e nheengatu, que já podem ver as tradicionais línguas em modernos smartphones, especificamente da Motorola.

Assim, o usuário pode trocar tanto o teclado quanto o menu em língua portuguesa para os das duas línguas que fazem parte da cultura indígena. O recurso já está disponível para os mais recentes aparelhos da marca que forem atualizados para o sistema Android 11.

De acordo com Janine Oliveira, diretora da Motorola, essa novidade é uma forma de preservar a cultura brasileira, ao mesmo tempo ampliá-la e, ainda, atender povos indígenas que utilizam aparelhos celulares. “Um passo importante em direção a uma experiência móvel mais inclusiva”, afirma Janine. Esta será a primeira vez que os dois idiomas estarão disponíveis para modelos da marca.

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Um pouco mais sobre as línguas indígenas

O kaingang é a língua falada pelos povos kaingang, que estão entre os povos indígenas mais numerosos do Brasil atualmente. Sua população, estimada hoje em cerca de 50 mil pessoas, ocupa pouco mais de 30 áreas espalhadas pelos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Bastante popular, desde 1960, a língua é fruto de estudos de professores e acadêmicos brasileiros. 

Já o nheengatú é falado na bacia do Rio Negro, na Amazônia, onde é considerada língua oficial desde 2002, ao lado de português, tucano e baníua. Existem também falantes em países vizinhos, como Venezuela e Colômbia. Por exemplo, em São Gabriel da Cachoeira, noroeste do Amazonas, o nheengatú é ensinado em escolas e outros institutos federais. 

Trata-se de uma variação do tupi antigo, língua falada por diversos povos quando os europeus desembarcaram em território brasileiro. Sem dúvida, o nheengatú, conhecido como tupi moderno, é uma das línguas mais importantes do país. Antigamente, não se restringia aos indígenas. No século 19, era falada em toda a região amazônica por escravizados, trabalhadores livres e colonos em toda essa região.

Testado, aprovado e compartilhado 

O trabalho ousado da fabricante de aparelho celular teve a colaboração direta de Wilmar D’Angelis, professor do Departamento de Linguística da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), especialista no tema. Além do acadêmico, os falantes da língua também testaram os recursos na prática e, pelo visto, aprovaram com louvor.

Outra boa notícia é que a Motorola informou que divulgará os códigos para que outros desenvolvedores possam programar softwares e outras ferramentas nesses dois idiomas da tradição indígena. É a cultura nacional sendo preservada.