Museu da Língua Portuguesa sugere 10 livros para conhecer línguas indígenas

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O Museu da Língua Portuguesa está organizando uma exposição temporária sobre as línguas e culturas indígenas, que está prevista para o próximo mês de outubro. A ação é parte das celebrações da Década Internacional das Línguas Indígenas, que começou neste ano e vai até 2032.

Para introduzir a nova mostra, o Centro de Referência do museu localizado em São Paulo, selecionou dez livros para que o público possa imergir no fascinante universo dos povos originários aqui do Brasil.

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De acordo com Cecília Farias, linguista e pesquisadora do Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa, a ideia desse “esquenta” da mostra era compartilhar obras acessíveis para o público em geral que não é necessariamente um especialista no assunto.

“Pensamos em organizar um conteúdo para quem não conhece o tema poder ter um primeiro contato. Daí surgiu a proposta de fazer essa seleção com dez obras”, contou Cecília.

Conheça a lista das 10 obras

As obras selecionadas pelo museu são:

1. Línguas brasileiras: Para o conhecimento das línguas indígenas, Aryon Dall’Igna Rodrigues. São Paulo: Edições Loyola, 1986.

2. Línguas indígenas: tradição, universais e diversidades, Luciana Storto. Campinas: Mercado de Letras, 2019.

3. Índio Não Fala só Tupi: uma viagem pelas línguas dos povos originários no Brasil, Bruna Franchetto e Kristina Balykova (org.). Rio de Janeiro: 7Letras, 2022.

4. Método moderno de tupi antigo – A língua do Brasil dos primeiros séculos, Eduardo de Almeida Navarro. São Paulo: Global, 2006. 

5. Diversidade linguística indígena: estratégias de preservação, salvaguarda e fortalecimento. Iphan, Brasília, 2020.

6. Fala de bicho, fala de gente. Cantigas de ninar do povo Juruna. Cristina Martins Fargetti, participação de Marlui Miranda. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2017.

7. Povos indígenas: terra, culturas e lutas, Benedito Prezia. São Paulo: Editora Expressão Popular, 2017.

8. Jene Ramỹjwena Juru Pytsaret: O que habitava a boca de nossos ancestrais, Lucy Seki. Rio de Janeiro: Museu do Índio, 2010.

9. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, Davi Kopenawa e Bruce Albert (trad. Beatriz Perrone-Moisés). São Paulo: Companhia das Letras, 2015.

10. Nós: uma antologia de literatura indígena, Mauricio Negro (org.). São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2019.

Para saber mais detalhes sobre cada um desses livros, clique aqui.

“Uma parte dos livros é sobre as línguas mesmo, mais descritivos. Muitas vezes eles têm uma tipologia explicando as famílias linguísticas e os troncos linguísticos que temos aqui em território brasileiro. E temos também um livro de ficção, que é o Nós: uma antologia de literatura indígena, que são narrativas”, falou Cecília.

Em sua visão, a lista não acaba nessa seleção inicial. “Esse é apenas um primeiro contato com esses temas. Esperamos que isso desperte mais interesse das pessoas”, afirmou.

Grande número de línguas indígenas

Segundo ela, só no Brasil, são faladas cerca de 200 línguas indígenas, quantidade que pode variar um pouco conforme os critérios de classificação. “Para alguns pesquisadores seriam 154 porque eles agrupariam certas variantes como dialetos da mesma língua. Mas, para outros, chega a 274 línguas”, acrescenta.

“Temos línguas com poucos falantes. Tem línguas [indígenas] que têm apenas três falantes. E uma das formas de garantir a preservação dessas línguas passa por fazer as pessoas, a população em geral, conhecê-las. Esse é um primeiro passo para se promover o respeito a essas línguas”, encerra a pesquisadora.

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