O Google lançou recentemente, por meio de sua plataforma de arte e cultura, o Fabricius, uma ferramenta online que, a partir da Inteligência Artificial, ajuda a decodificar e entender idiomas antigos.
Com essa iniciativa, a ideia da gigante da tecnologia é elevar a eficiência na tradução de línguas históricas. Em princípio, a ferramenta pretende agrupar, catalogar e entender os hieróglifos egípcios. Mas, a perspectiva a médio e longo prazo é expandir e aplicar essa mesma estratégia para outras línguas antigas.
De acordo com informações do Google, o Fabricius, disponível hoje em inglês e árabe, é a primeira ferramenta ligada à inteligência artificial desenvolvida para entender de fato o que é um hieróglifo antigo. A tecnologia usada é a chamada AutoML Vision do Google Cloud, capaz de decodificar os caracteres a partir de um banco de dados online.
A ferramenta interativa de tradução foi desenvolvida em parceria com o Centro Australiano de Egiptologia da Universidade Macquarie, na Austrália, além da empresa britânica Psycle Interactive, que trabalha com produtos digitais e, também, egiptologistas de diversos países do globo terrestre.
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Fabricius para leigos e profissionais
O Fabricius está dividido em três abordagens principais, que atendem desde simples curiosos e leigos no assunto até profissionais da área. A primeira, o aprendizado, ajuda os internautas a darem os primeiros passos no fascinante mundo os hieróglifos egípcios. São seis estágios por meios dos quais é possível se aproximar do sistema de escrita dos faraós.
Na segunda, mais interativa, pode-se participar de uma espécie de jogo, em que o interessado manda mensagens codificadas utilizando-se dos hieróglifos. A ferramenta traduz para essa língua, em mensagens que depois podem ser compartilhadas com quem desejar, como familiares e amigos. A conexão com o presente acontece com a expressão de emojis, muito comum nessa era digital.
Já a terceira abordagem atende os estudiosos da área de egiptologia, assim como antropólogos e historiadores. Nesse caso, a intenção é oferecer ferramentas para auxiliar pesquisadores de todo o mundo na tradução desses hieróglifos, dando prosseguimento a uma ação iniciada ainda no ano de 2017. Por se tratar de uma ferramenta mais profissional, está disponível apenas na versão para desktop. As outras duas podem ser acessadas em smartphones.
Conhecimento histórico e novas descobertas
De acordo com Chance Coughenour, gerente de programa de arte e cultura do Google, os registros antigos em sua forma escrita são um meio interessante da sociedade contemporânea entender como os povos mais antigos viviam seu cotidiano. Coughenour também afirma que essa ferramenta é importante no sentido de auxiliar na conscientização da preservação da história e da cultura dessa civilização antiga, que desperta grande interesse nos dias atuais.
Já na visão de Alex Woods, que integra o Centro Australiano de Egiptologia, o processo de digitalização desse material escrito que até então estava presente apenas em livros, é um meio de revolucionar a forma como os egiptólogos do mundo inteiro trabalham. Para ele, essa interatividade digital tem potencial de ajudar na reconstrução de textos incompletos, bem como descobrir textos ainda inéditos.