O iorubá é aquele típico exemplo de que língua é parte da cultura de um povo. O idioma tem origem africana, a partir de um grupo étnico daquele continente, e tem cerca de 45 milhões de pessoas envolvidas. A maior parte (35 milhões) está na Nigéria, onde o idioma tem grande força. Porém, o iorubá também está presente no Brasil, Cuba, Benin, Togo, Serra Leoa, Costa do Marfim, Venezuela, Trinidad-Tobago, entre outros países.
O idioma iorubá chegou aqui a partir dos escravos que foram trazidos à força ao país. E integrou com força a cultura brasileira. Tanto é que sua versão falada é bastante difundida, graças à ligação com religiões de matriz africana, como, por exemplo, o candomblé. Não é raro hoje em dia ouvir o iorubá com grupos religiosos espalhados Brasil afora.
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Inclusive, existem palavras incorporadas à língua portuguesa cuja raiz é o iorubá. Muitas relacionadas à culinária (angu, xinxim, acarajé, abará, vatapá, etc.) ou ao candomblé (Xangô, Iansã, Oxóssi, Oxum, Nanã, Oxalá, Iemanjá, Omolu, Ogum, Oxumarê, orixá, ialorixá, babalaô, babalorixá, etc.)
Idioma reconhecido no Rio de Janeiro e na Bahia
Pouco tempo atrás, precisamente em 2018, o iorubá recebeu o reconhecimento de patrimônio imaterial do estado do Rio de Janeiro. Em síntese, essa oficialização valoriza as tradições e cultura africana no país, bem como, de certa forma, promove a língua.
De acordo com informações do IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, o Rio de Janeiro conta com uma das maiores concentrações de descendentes e praticantes das religiões afro do Brasil, especialmente nagô/iorubá.
No ano seguinte, Salvador seguiu os passos dos irmãos cariocas e colocou o iorubá em destaque na capital baiana, outro local de forte presença do idioma. O projeto de lei foi proposto pelo jurista, vereador e ex-prefeito da cidade, Edvaldo Brito.
Na ocasião, Brito propôs uma grande festa reunindo “todos que diariamente utilizam termos como Ogum, Oxum, caruru, vatapá, axé, entre infinitos outros, que fazem desta terra um lugar único, de uma riqueza cultural maravilhosa nesse nosso grande e plural Brasil”.
A capital Iorubá das Américas
Além da relação histórica com o povo Nagô, o estado da Bahia é considerado, desde 2018, a Capital Iorubá para todas as Américas.
“Não podemos esquecer que o nosso país evidencia muito mais as tradições culturais e religiosas e contribuições europeia do que as africanas, promovendo assim um silenciamento histórico. Por essa razão, a instituição da língua iorubá como património imaterial promove um fortalecimento real e necessário para a promoção não só do idioma, mas também de todas as culturas e tradições africanas que contribuíram significativamente para a construção da nossa nação”, diz Ivanir dos Santos, membro da Comissão de Combate à Intolerância.
Vale lembrar ainda que o Museu Itamar Assumpção, inaugurado no último dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, é o primeiro do Brasil a receber tradução para iorubá.