O povo afro-indígena garífuna, da América Central, vem por séculos se esforçando para manter viva a cultura de seus ancestrais, sobretudo por meio da língua. Apesar disso, o processo de modernização, o preconceito, o casamento entre diferentes culturas, além do pouco treinamento escolar tem tornado esse processo mais complexo.
Tanto é que o garífuna passou a fazer parte do Atlas de Línguas Ameaçadas da Unesco, ainda em 2001. Atualmente, estima-se que existem cerca de 100 mil falantes da língua.
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Apesar disso, há uma resistência bem interessante acontecendo em Belize, país da América Central, no qual há um bom número de falantes de garífuna. No país, tem acontecido um importante movimento de restauração a fim de fortalecer a língua ameaçada de extinção.
Nas duas últimas décadas, os artistas garinagu (povo garífuna) estão recorrendo à música de dança animada para inspirar os jovens garinagu a não apenas aprender, mas também a compartilhar sua língua nativa.
A força da música na cultura garífuna
Lá no ano de 2001, alguns elementos da cultura garífuna, tais como música, dança e língua, entraram na lista de Obra-Prima do Patrimônio Oral e Imaterial da Humanidade da Unesco. E, no mesmo período, músicos e ativistas da cultura garífuna tiveram uma ideia: criar melodias tocantes, cantadas em garífuna. O objetivo? Incentivar os jovens garinagu na valorização da cultura e aprendizagem da língua.
Tal atitude deu certo, o que fica evidente com o punta rock, tocada com tambores e maracas, com sons que remetem aos ancestrais dos garinagu. E com o paranda, outro estilo clássico de música garífuna, também acrescentada de guitarra às melodias.
Por exemplo, a banda Garifuna Collective, criada em 2007, reuniu músicos garífunas de toda a América Central. As letras levavam uma mensagem importante, que trata da defesa da cultura ancestral, incluindo a língua. A banda fez algumas turnês mundiais e recebeu prêmios internacionais.
O músico James Lovell é um bom exemplo de sucesso da conexão da música com a língua. Aos 16 anos, adotou a língua ancestral para acompanhar os passos de Pen Cayetano, chamado de o rei do punta rock. Inclusive, Lovell tornou-se parte de um grupo para ensinar o idioma em Nova York, nos Estados Unidos.
Turismo em Belize como parte da preservação cultural
Esse impulso da língua garífuna ganhou este ano um novo aliado: a Trilha de Turismo Garífuna de Belize. Trata-se do primeiro esforço coletivo do país para promover experiências de turismo garífuna. Em síntese, os garinagu convidam pessoas a se conectarem com eles em seus próprios ambientes.
As experiências envolvem, por exemplo, aulas de música, e até mesmo admiração da arte tradicional. E existem planos de expandir as ações para outras cidades garífunas, além de treinar guias turísticos.